Monday, October 09, 2006

vôo solo

apague a luz!
não quero te ver, só te sentir

e então eu te beijei serena
tudo isso
enquanto a vida me interrompia

quando nossa noite amanheceu
éramos outros

não éramos loucos
não éramos monstros

apenas restos esquecidos
preenchidos de medo e descaso

um sorriso frio
um asco
um corpo murcho
um desencanto
carruagem que vira abóbora

uma vontade de não ficar
de não seguir
uma vontade de inexistir por alguns momentos

recarregar a bateria
bater à porta de alguém
mas eu mesma não estou pra ninguém

quando você foi embora
deixou um gosto ruim
senti falta de mim
onde é que eu fui parar?
onde é que eu vou me achar?

saí em busca de um outro espelho
e o que encontrei foi um surto
um susto
um desespero
um desejo de me consumir
e de sumir

tem certas portas que é melhor não abrir...

corri a maratona 100 vezes
vagando vagabunda na velocidade da tontura

e no olho do furacão
na boca do vulcão
encontrei a doença novamente

sim, a minha loucura
a perfeição de mim que me esbofeteia
cuspiu na minha cara
me chamou de feia

um vazio me tomou
e a parte que me falta emergiu
o buraco negro se abriu
engolindo tudo ao seu redor

depois veio a explosão
das portas fechadas desse lar-birinto em que entrei

consegui sair
voei por cima dele
e livre e leve eu louvo
- oh, fake love! -
as sensações de meu corpo mudo

os turbilhões
os aviões
eu voei

quando acordei estava tonta
caída no chão
ao pousar no solo um baque

e então uma mão amiga
um sorriso

me vi num espelho que não se quebrava

um brilho de sol
já é dia

quero voar de novo

09/out/2006

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