Tuesday, May 19, 2009

IMPLOSÕES


A cada gesto de frieza uma implosão interior. Na pele branca o sangue fervente transparecendo. O cigarro aceso aquecendo as pontas dos dedos de uma mão fria. Flertando com o fogo no inverno. Bebidas quentes. Entorpecentes. A nudez coberta. O suor frio. Uma vida à meia luz, em preto e branco como as teclas do piano. E a melodia que do silêncio emana são lágrimas secas num semblante sério. Os olhos perdidos do mundo que se vê procuram caminhos inexistentes. Criar. Na solidão aparente visitas não humanas, reminiscências do que nunca existiu. Sem vozes, o mar negro e morno numa noite derramado de dentro de um ser pálido. O mar dissolve as certezas. Nenhuma tristeza grita. A dor se emperra. Traços sobrepostos confundem os signos. Tudo que se deixa para trás. A boca na taça. O líquido. Algum movimento interno invisível. As chamas do fogo vermelhizam. E o corpo dança como as ondas e as chamas em movimentos livres. As saias desenham o movimento dos quadris. Há algo de primitivo que move o corpo. Mas sem nenhuma direção.