Sunday, October 22, 2006

A SEMENTE DO AMOR

domingo, 12 de agosto de 2001, 19:01:12
ao som de "Beatriz" com Ana Carolina, "Relicário" com Cássia Eller & "O mundo anda tão complicado" com Legião Urbana

Será que é mentira
E que eu nunca mais alcançarei a verdade?

Sei que estou perdida
E não percebo mais as placas de desorientação
Não há razão para não acreditar,
Mas mesmo assim...
Insisto em duvidar

O mundo está ao contrário
Sempre esteve
E porque comigo tudo é sempre diferente?

Peço mil perdões
Por essa carta sem fim
Onde quero acabar com tudo
Jogando tudo do décimo andar desse prédio comercial
Jogarei nossos filhos que não tivemos
E todos os nomes que escolhemos para eles
Jogarei todas as fotos, os fatos
Que nunca aconteceram
Romperei todas as madrugadas
com as auroras implacavelmente anunciando o novo
Anunciando que a sua noite acabou
quando o que não queremos é perder nossa noite especial
Quando queremos segurar aquilo que não existe
E vem a manhã com seu o frio e a frieza inevitáveis
Acabou o calor
Você vai embora e tudo não passou de um sonho
Um sonho volúvel que nunca há de se realizar
E eu minto pra você, porque você me pede
Minto que teremos tudo isso
Minto que eu não estou cansando disso tudo
Guardo a desilusão só pra mim

Vamos jogar o seu jogo
E inventar suas canções
Vamos então viajar nessa ternura
Que eu prometo te fazer carinho enquanto outra não vem
te preencher esse vazio
Posso preencher seus dias com minha presença
Já que você não sai de casa
Ficarei com você quando você quiser
Mas não derramarei mais nenhuma lágrima
Acho que já desisti
Tudo jogado no chão espero que eu não morra,
Que a queda não seja tão brusca
Joguei tudo fora
Num redemoinho de vento
Estava lá tudo o que era cor de rosa
Todo o sangue
E eu morri
Morri pra você

Não quero mais ficar sonhando
Queremos o impossível
Não a distância,
e sim os motivos que nos uniram
os desejos inconcebidos
Nunca vamos morar juntos
Talvez nunca exista uma conclusão
Talvez eu não agüente tanto romantismo
Talvez eu não suporte seus horários
Talvez não tenha forças pra sair do meu lugar
Deixar a segurança do meu mundo
Talvez você nunca me beije
Talvez a gente nunca se encontre
Talvez a gente nunca alcance o que buscamos
Talvez em nossas mentes exista mesmo esse lugar seguro
Que nos faz ficar juntos por qualquer inexplicação
Talvez você só fique guardado aqui
E nunca venha me fazer feliz

Talvez tudo o que prometo
Não passe de vontade minha
Talvez eu não tenha esse mundo belo pra te dar
Talvez a minha cama tenha que continuar sozinha
Talvez eu tenha que continuar sozinha
Talvez as coisas tenham que ser assim
E não podemos ir contra a ordem natural das coisas
Isso é pecado
Talvez eu nunca veja uma lágrima sua caindo por mim
Talvez seja fácil esperar sentados cada um na sua casa
Encontrando um pouco de alento
Não que isso seja o certo
Não adianta tentar entender
Não adianta tentar explicar
O que será que sei?
Acho que não sei de nada
E esse nada me toma
E o nada que acontece
O nada me arranca o que eu nunca tive
Não adianta querer te buscar no meio disso tudo
Só quero pensar no que sinto
Só quero sentir o que eu sei
Só quero saber de mim
E mesmo assim
Lá está você
Como uma maldição
Tenho que aceitar minha vida do jeito que ela é
E parar de buscar as coisas fora
Tenho que buscar dentro
E por que você está aqui dentro?
Por que quero tatear o que tem fora
se o que importa é o que está por dentro?
Por que quero lutar contra isso???
Por que tantas dúvidas?
Por que esse nó na garganta?
Por que me seguro pra não chorar?
Por que te procuro?
Por que fujo de você?
Por que fecho os olhos pra pensar em você?
Por que tento me afastar
mais longe do que já estou?
Por que você disse que eu tenho medo de mim mesma?
De mostrar quem eu sou?
Por que você me descobriu?
Por que você?
Por que às vezes pareço que posso te dominar?
E por que às vezes eu fico assim tão indefesa?
Você naum sabe nada da minha vida
Dos lugares onde esive
Das pessoas que eu conheci
Que me feriram
E que eu feri
Não sabe do que eu já fugi
Não sabe que eu não me encontro mais
Por que tem que me fazer pensar nisso assim tão profundamente?
E é pensando em mim
que vejo o quanto gostei de você
De você ter aparecido
na minha vida
Minha vida imaginária
Que eu fiz pra mim
E você veio morar no meu mundo perfeito
Sim... ainda é cedo
Tenho a tarde inteira
Pra ler um livro
E estudar sobre a comunicação popular
Sendo que eu me apaixonei por telecomunicação
E extrapolei
Tudo o que existia pra extrapolar
E ainda assim
Não cheguei nem perto do que poderíamos ter feito
Me tranquei nesse mundo de idéias, sentimentos, pensamentos
Nada me atinge na carne
Nada me vem pelo corpo
A não ser esse arrepio de quem sentiu você aqui
E era tudo mentira
Você não estava aqui
Nunca esteve
Era só o que eu senti
E eu não sei mais pesar os dois lados da balança
Não sei o que vale mais que o quê
Mas vou ver se você está no ar
Que seu corpo deve estar em algum lugar
O corpo que talvez eu nunca chegue a tocar
e lágrima por lágrima não ouso negar
que eu queria entrar na sua vida
como o sol entrando pelas janelas
numa manhã que acorda a gente
assim, de repente,
e dói ter que parar de sonhar
e levantar da cama sem você
e sair lá fora
onde tantos podem me ferir
e nem sabem
nunca vão saber
assim como você que pode nunca saber
o quanto eu morro de amor por você
Todos os dias um pouco
Todo o pouco que eu tinha
Não sei não sei se é culpa minha
eu só queria poder fazer de tudo um pouco de poesia
pra provar para o mundo
o quanto o amor pode ser criativo
e o quanto ele não mede as coisas
pq o amor não tem medidas
nenhuma porta de saída
mesmo assim como eu
correndo de tudo
entregando o tesouro
pra qualquer bandido que me diga mentiras
É amor de mentira
porque não cabe na minha vida
E então você vem
e nunca vai saber o que acontece
Eu vou dizer oi toda alegre
e tentar falar das coisas mais banais possíveis
e tentar sufocar o amargor
enquanto tento te fazer seguir
pelo caminho que eu nunca escolhi
um caminho de flores brisas
um caminho ameno e agradável
E eu não sou nada disso
E eu juro que não sou o que digo
Eu sou o próprio perigo
não julgue que me conhece
Eu te toco no infinito
incalculável
e mesmo assim eu multiplico as risadas
pra te fazer um pouco mais feliz
e peço pra acreditar em mim
pra que eu mesma possa acreditar
pra que um dia eu resolva levantar
dessa cova rasa de onde eu vejo os vivos e os mortos
E pra mim eles não são mais do que corpos
Deitei no meu túmulo de vidro
e vc viu que eu ainda não estava morta
quando um calor me tocou
Eu só precisava de um pouco de atenção
Talvez um dia eu volte a viver
a acreditar
Talvez eu volte a amar
e a regar as plantas do jardim
assim como você me fez feliz
durante algumas horas eu vejo a alegria
e eu posso jurar que isso tudo é poesia
E eu posso rezar, pedir, implorar
que eu não agüento mais levantar e cair
Me leva daqui
eu quero voar
eu quero viver
e lembrar daquilo que eu nunca perdi...
a semente do amor.

No comments: