chegou o momento
em que distribuo beijos
que se esforçam pra nascer
como em trabalhos de parto
dói em mim ver a vida que nasce da minha boca
sofro e choro com a tamanha brutalidade
com que sonhos entram e deslizam pela minha língua
de como esses sonhos de outros
precisam da minha saliva pra se umedecerem
e a força que trago nos dentes
faz do risco um rastro
de sangues e suores
manchando os lençóis
manchando o branco
e é apenas o choro primeiro da vida
aquele susto quando o ar invade os pulmões
e é a partir daquele corte com a casa que me protegia
quente e úmida como um beijo de corpo na alma
que eu sou obrigada a abrir os olhos
e a plenos pulmões
respirar ar puro
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