Wednesday, July 05, 2006

Sobre minha poesia

Talvez falando sobre mim
não seja essa coisa óbvia de "me entendam"

Eu me apóio no "eu lírico"
Eu sei - e como

Seu discurso é normativo
Você pretende alcançar uma verdade geral, universal

Meu discurso é em primeira pessoa
As verdades que digo são minhas
Fruto das minhas construções

Assim como as canções
Assim como as novelas
Assim como os filmes

Meus poemas são uma verdade delimitada e particular
E a publicação deles...
Talvez eu não queira ser tão admirada
Porque a mim basta o prazer de escrevê-los e lê-los
E mais: de vivê-los

Talvez não me interesse corrigir as possíveis leituras
que as pessoas fazem do que chamo de meu mundo
Eu quero que quem leia o faça de modo particular, intimo
na solidão de seu mundo
Eu quero que outros eus se identifiquem, se reconheçam, se descubram

Quanto à minha falácia sobre estética...
A estética de meus poemas é algo como canção
Não posso deixar de ter ritmo
Não posso deixar de cantar palavras,
nem de fazer jogos de palavras fazendo com que elas
- as meras palavras -
adquiram nova configuração
Elas que ecoem no mais fundo das impressões

Eu pego o que está pairando no ar
E roubo pra mim
E imprimo nos poemas essa minha experiência

Estamos nos escondendo demais por trás de supostas opiniões literárias

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