Tuesday, November 07, 2006

Ciclo misterioso

Uma procura quando parece que não tem saída
Ou quando não se quer ver saída
a não ser esta, à francesa, pela direita

Entrando, atravessando o portal

Nunca me lembro exatamente como começa
Só sei que descamba na música
Uma melodia
Alguns versos cantados
A cama de dormir
Olhar pela janela e se descobrir

Desejos por outras pessoas que não estão ali
Confidências de frustrações
Lamúrias de amor perdido

Risadas, ironias
Mentirinhas gostosas de falar e ouvir

E daí percebendo que o eu não se entrega pro outro
por completo, por complexo, por que mesmo?
Não existe o nós

Aí os monstros saem
Vão dizer que é por causa da bebida
Vou dizer que é por causa do silêncio
E do movimento de recuo

E os monstros trepam
Não fazem amor

Aí eu durmo
E quando acordo... é só constrangimento

Deveríamos apenas nos desmaterializar
Ou ficar invisível o eu para o outro

Porque não quero enxergar
E não quero que me enxerguem

As despedidas são ridículas
Cômicas e crônicas

Tchau tchau

Tenho vondade de rir, de expelir
Aí ...pluft... nuvem se desmancha

E, finalmente, a sós comigo
Cato a poesia que ficou no ar
no corpo, nas paredes, nos copos,
nos ouvidos uma voz me incomodando
Pare de falar na minha cabeça
Quero ouvir a mim

Me dá espaço
Quero emergir eu

E quando escrevo... me reconheço.

Sim, sou eu de novo.

Isso é apenas interação homeostática.

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