Thursday, February 08, 2007

desconectados

o carinho que tive por ti
os afagos na alma que senti
eram carinhos em mim e em ti
ao mesmo tempo

teríamos sido uma alma apenas?
almas gêmeas?
como me libertei dessas algemas?
como me sinto livre
se só vejo uma direção?
meu caminho é sempre em frente

quando vou até lugar nenhum
quando corro
quando morro
quando nasço
mas se eu paro
se eu fico
até na minha solidão estou acompanhada
até quando me vejo apartar-me de ti

teria sido uma prisão?
teria eu como escapar?
se até no nada te encontrei
se até na morte, uma solução
se até no escuro
eu grito luz

só me sinto livre
quando proclamo o amor
sinto o vento
o sentimento
a paz

só comigo, em mim, me sinto livre
de uma pressão
uma impressão que o mundo tem de mim

e de ti o que soube foi tão pouco
mas não sinto medo
de partir ao um novo encontro

inesperadamente tudo o que sempre esperei

calar a voz do meu amor
num silêncio
pra que alguém clame pela minha voz
ou a escute por dentro

ainda que desconectados

Wednesday, February 07, 2007

morcego cego luz escuridão

quando no final dos deuses sem fim
me achei sóbria, porém tonta
de uma vertigem que fez velocidade
correr nas minhas veias

quando acordo não é o dia o que vejo
mesmo sem tocar os pés no chão
por causa da gravidade que me falta
a mesma gravidade que me salta
do estômago, nenhuma borboleta

morcegos sugam minhas entranhas
num voar nefasto e tóxico
não sei onde em mim tu te perdes
é o teu nome o que reconheço

pergunto a quem não sei
onde te encontraria
na tempestade a tua ausência
produziu ao meu redor um teu holograma

não me satisfaria pensar em ti
como algo que eu não pudesse tocar
nem com nossos cheiros misturados
nem com nossas almas entrelaçadas

não te pude tocar nenhum dia
dessa viagem rumo ao nada nadarei
meu corpo pouco se movimenta
seria uma morte em vida?
seria um esquecer do que pulsa forte
e doce, teu sorriso, tuas carrancas
tuas palavras que não dizem nada
tua alegria falsamente empostada
para me trazer dias melhores na jornada

o brilho cego que nos ilumina
já não vejo, já não sinto
eu entenderia teu esconderijo escuro
se ele não estivesse no meu ventre

os morcegos que criaste
desenham círculos nas minhas vísceras
ando te encontrando no porão do mundo
minhas lembranças de ti não são sadias
e agora me pergunto se as lembranças são futuras
agora me questiono se as imagens não são tuas

de tudo o que fica é a confusão
a solidão não me assusta
mas os monstros enlamaçados
não sabem pra que existem
então me torturam com um silêncio
apesar de se agitarem cegos
atingindo as paredes internas de mim

quando a luz tornar a dar sentido
terei vencido os teus morcegos tortos
eles estarão mortos
e eu os iluminarei e eliminarei
com um ponto fixo do meu pensamento

a razão não tomou estas palavras
apenas as palavras vagaram sozinhas
que entre o mundo, o meu corpo e o que escondo
é apenas entregar o corpo ao mar
que de ondas salgadas e quentes
vai me levar ao fundo do meu sonho são

as preces vão me fazer voltar a respirar
e as borboletas brancas vão reviver o meu jardim
eu espero, paro o tempo e ele se esvai
que alguém também esteja esperando por mim!